Elvira Souza Lima - A IMAGINAÇÃO E A ESCOLA
Os estudos da neurociência sobre imaginação nas últimas décadas têm trazido informações importantes para a educação escolar, notadamente na questão da docência e na concepção e elaboração de currículo. Podemos afirmar a partir deste conhecimento que imaginar não é algo que se exercite em certas tarefas em momentos especiais, como fazer um desenho ou uma redação. Pelo contrário, imaginar é parte importante do processo de aprendizagem em qualquer área do conhecimento do currículo. Imaginar motiva e regula a atenção do aluno.
Um fato que merece destaque, é a importância de se desenvolver a imaginação desde a Educação Infantil. Este período de grande plasticidade cerebral e de formação da criança pequena como ser de cultura, se coloca como a situação ideal para se investir tempo em atividades que tenham a imaginação e a função simbólica como eixos curriculares.
Imaginar é abrir possibilidades novas, através de redes neuronais que se formam pelo pensamento e pela ação, em conjugação com a memória. Podemos usar a imaginação em tarefas corriqueiras do cotidiano, na docência e na aprendizagem na escola, no trabalho, assim como em momentos específicos de criação científica ou artística.
Sempre usamos a imaginação para inovar em algo em nossa ação e em nosso pensamento, ampliando o senso comum segundo o qual a imaginação é uma característica de pessoas altamente criativas, como artistas e cientistas, que se destacam pelas realizações obtidas em suas áreas de atuação.
Basta um breve passeio pela arqueologia, pela antropologia e pela história da humanidade para perceber que a evolução do ser humano foi possível pela capacidade que a espécie tem de imaginar e simbolizar, isto é, criar significados por meio de símbolos. A imaginação é componente essencial da simbolização como capacidade de fazer presente aquilo que está ausente e de projetar no futuro ações e seus resultados.
A imaginação funciona estreitamente ligada com a memória. Isto é, imaginamos com os conteúdos que temos armazenados em nossa memória através da utilização de técnicas e procedimentos que estão, por sua vez, registrados na memória.
A relação entre imaginação e memória tem sentido duplo: a base para o funcionamento da imaginação são os elementos que estão contidos na memória e o próprio funcionamento da imaginação desenvolve a memória. Através do processo imaginativo, vários elementos da memória são evocados e novas mediações semióticas são realizadas.
Memória e imaginação são continuamente utilizadas na vida cotidiana, principalmente, para o planejamento de ações diárias, para a solução de problemas e para os processos de tomada de decisão.
Toda aprendizagem envolve a criação de novas memórias ou a ampliação de memórias já existentes. A imaginação, podemos dizer, cria condições para a aprendizagem, enquanto que a memória efetiva a aprendizagem.
Uma descoberta da neurociência esclarece os processos internos pelos quais imaginação e memória se relacionam: as áreas do cérebro e os caminhos neuronais mobilizados quando se percebe um objeto, são, parcialmente, os mesmos quando se imagina este objeto. Em outras palavras, há uma proximidade importante no funcionamento cerebral entre percepção real e a imaginação.
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