segunda-feira, julho 26, 2010

Permitir que a criança viva a sua infância por Elvira Souza Lima

Podemos iniciar nossa conversa dizendo que toda criança tem direito a viver sua infância. Nesse período, a criança realiza inúmeras aprendizagens que servirão para toda a vida. Muitas delas se efetivam por meio de práticas culturais, que, por sua vez, desempenham papel central, e cabe não apenas à família, mas a vários setores da sociedade, garantir sua presença na vida das crianças.

Em seus primeiros anos de vida, a criança obtém duas conquistas importantes: andar e falar. O período que se segue a isso será marcado pelo desenvolvimento da função simbólica (falar, desenhar, imaginar...). As atividades que predominam nesse período são as que envolvem movimento e criação de significados, fazendo com que a criança se desenvolva como um ser de cultura.

E que atividades são essas? Desenhar, brincar de faz-de-conta, realizar brincadeiras infantis que envolvam personagens e ações imitativas, cantar, dançar, ouvir histórias, poesias e narrativas da cultura local. É muito importante para a criança a vivência das práticas culturais de sua comunidade e região, pois a elas estão ligadas a percepção de si mesma como parte de um grupo e a formação de sua identidade. A experiência com imagens e com sons é uma parte importante na educação da criança pequena, por isso toda criança precisa desenhar, cantar, ouvir música e brincar.

Em seu processo de desenvolvimento, a criança pequena desenha muito. Toda criança vai desenhar indo ou não à escola, ou seja, desenhar faz parte de ser criança. É muito importante que os adultos respeitem essa atividade, porque enquanto a criança está desenhando ela está aprendendo muitas coisas. Para nós, adultos, pode parecer que desenho não é uma coisa séria como aprender a escrever, mas é. O domínio da forma desenhada também é uma das bases do desenvolvimento da escrita.

Todo desenho tem uma ação: para a criança tem sempre uma história no desenho que ela faz. O desenho é uma narrativa: mesmo que para o adulto ele pareça uma representação estática, para a criança ele é ativo, dinâmico, tridimensional. Mesmo que a criança não fale nada enquanto estiver desenhando, ela está "pensando" no que desenha. Então, ao desenhar, a criança trabalha com sua imaginação, cria novas imagens, desenvolve sua memória, organiza sua experiência para compreendê-la. O ato de desenhar não é, simplesmente, uma atividade lúdica, ele é, também, ação de conhecimento. O desenho é, pois, parte constitutiva do processo de desenvolvimento da criança.

A música promove a comunicação entre as pessoas, provoca envolvimento emocional entre elas. Cantar, tocar um instrumento, ouvir música são atividades que fazem bem ao ser humano em qualquer idade. Na infância a música é mais importante ainda, pois contribui para o desenvolvimento da criança. As cantigas infantis possibilitam o desenvolvimento da memória auditiva, do ritmo e da melodia, com realizações que estarão envolvidas na apropriação da leitura e da escrita. (leia mais)


leia o texto completo no Portal SESC -SP aqui






Desenvolvimento infantil e imaginação por Elvira Souza Lima

A criança desenvolve-se por um processo que abrange o seu corpo, a genética da espécie humana e os contextos nos quais ela viverá. Esse processo inicia-se com a família, com a cultura de seu país, com os espaços que irá freqüentar desde seu nascimento. Por isso, dizemos que a natureza do desenvolvimento humano é sempre biológica e cultural.

O desenvolvimento biológico tem duas dimensões: a externa e a interna. Assim, a espécie humana tem determinadas características em seu desenvolvimento físico que incluem não só o que percebemos no exterior — por exemplo, a fala, o aumento do peso, a estatura, a mudança das feições, das características sexuais e da voz —, mas, também, o que é interno e não podemos observar diretamente, como é o caso do cérebro.

O cérebro coordena a vida da pessoa. Ele recebe e processa as informações colhidas do meio ambiente pelos sentidos. É nele que estão contidas a nossa memória, as nossas experiências e aprendizagens. É também o órgão que controla várias funções físicas, além de ter como componente o sistema límbico, no qual se originam as emoções.

Nos últimos anos, aprendemos muito sobre o desenvolvimento do cérebro da criança desde a gestação até os seis anos de vida. Esses conhecimentos nos levam a considerar que o cuidado e a educação são aspectos de um processo global na formação da criança pequena, no qual a cultura tem um papel fundamental. Esse período de desenvolvimento é muito importante porque é quando o cérebro possui o que chamamos de grande plasticidade. Plasticidade é uma facilidade maior de estabelecer conexões entre as células nervosas em comparação com a idade adulta.



quinta-feira, julho 22, 2010

Cérebro humano e educação hoje: entrevista com Elvira Souza Lima




Revista Presença Pedagógica nº 94
(edição julho/agosto de 2010)

ENTREVISTA

Cérebro humano e educação hoje
Elvira Souza Lima


Apresentação:

Leitores de telas
por Rosangela Guerra

Por volta das 19 horas, eles chegam à faculdade, muitos com o fone do Ipod no ouvido. Entram no laboratório de informática para a aula que se estende até as 22h35min, com um breve intervalo de 20 minutos entre o primeiro e o segundo tempo.

Nem sempre o frescor da juventude consegue apagar as marcas das urgências do dia em que quase tudo “é para ontem”. Muitos trabalham como operadores de telemarketing. Eles contam que, para executar o serviço, abrem em média cerca de cinco telas de computador para atender a cada cliente, que não raro têm reclamações de sobra para fazer. “Pois não, senhora!”, dizem automaticamente, já sabendo que as ligações são gravadas.

O fato de cursarem a faculdade é motivo de orgulho. Afinal, são os primeiros de suas famílias a chegarem ao Ensino Superior. Navegantes do espaço virtual, frequentam diversas comunidades, publicam suas opiniões em blogs e exercem a síntese nos 140 caracteres do Twitter. Fazem tudo isso ao mesmo tempo e, muitas vezes, durante as aulas.

Essa atenção dispersa entre aqui e ali é considerada uma habilidade natural da juventude de hoje. Mas será que os neurônios aguentam esse jeito de viver? A educadora e pesquisadora em neurociência Elvira Souza Lima, entrevistada nesta edição, responde que, muito provavelmente, esta não é a forma necessária para a aprendizagem dos conhecimentos escolares.

Uma conversa com Elvira sobre neurociência e educação pode ir longe, para proveito dos professores. Por esse motivo, convidamos a pesquisadora para escrever uma série de artigos sobre o tema, que passará a ser publicada em Presença Pedagógica.


segunda-feira, julho 12, 2010

Ler se Aprende com Cultura - Cantigas






Cantigas - DVD da série LER SE APRENDE COM CULTURA
por Elvira Souza Lima



Os estudos recentes da neurociência revelam que ler é uma atividade complexa que envolve inúmeras áreas do cérebro. Revelam, também, que ler é uma prática de cultura: precisa ser ensinada e depende de constância e continuidade para ser dominada.

Vários componentes do ato de ler são desenvolvidos a partir de componentes culturais. Rima, ritmo, melodia participam no desenvolvimento da percepção, memória, atenção da criança. Assim, as práticas culturais da infância contribuem ativamente na formação da criança leitora.


A série LER SE APRENDE COM CULTURA se destina a apoiar os adultos que, de uma forma ou outra, se ocupam da formação da infância e da juventude. Ela apresenta possibilidades de trabalho envolvendo a cultura que, em seu conjunto, mobilizam as várias áreas do cérebro envolvidas no ato de ler.


O primeiro módulo da série se destina ao ensino da leitura às crianças dos 4/5 aos 8 anos. É composto de 5 dvds, um dvd com músicas, um dvd com histórias e publicações para as crianças.



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