sábado, março 17, 2012

Neurociências na Prática por Elvira Souza Lima - Revista Pátio, n.61



Neurociências na prática
por Elvira Souza Lima

O projeto Escrita para Todos utiliza os conhecimentos disponibilizados pelas neurociências para propor uma concepção pedagógica de docência da escrita



Revista Pátio

Neurociências na sala de aula: como o conhecimento
sobre o cérebro pode melhorar a aprendizagem

Número: 61
Ano: XVI
Fevereiro / Abril 2012



terça-feira, março 13, 2012

domingo, março 11, 2012

Entrevista com a Profa.Dra. Elvira Souza Lima - Portal Futurum



Elvira Souza Lima é pesquisadora em desenvolvimento humano, com formação em neurociências, psicologia, antropologia e música. Trabalha com pesquisa aplicada às áreas de educação, mídia e cultura. Tem várias publicações, entre elas 'A criança pequena e suas linguagens', 'Quando a criança não aprende a ler e a escrever', 'Práticas culturais e aprendizagem', 'Brincar para quê?', 'Neurociência e aprendizagem', 'Neurociência e escrita'. Atualmente desenvolve seu projeto ESCRITA PARA TODOS em prefeituras e em escolas. É Doutora em Ciências da Educação pela Sorbonne/Paris; fez pós-doutoramento na Stanford University em antropologia e Linguística, com bolsa da FAPESP, pós-doutoramento, pelo CNPq, no Institte for the Study of Child Development, University of New Jersey e pós-doutoramento em Educação Multicultural na University of New México.



PF: Para o século XXI, se anuncia uma contribuição importante para a educação formal vinda da neurociência, área de conhecimento, que se estabeleceu na segunda metade do século XX e que, pelo impressionante número de pesquisas e estudos, ampliou significativamente nosso conhecimento sobre como nós, os seres humanos, nos desenvolvemos e aprendemos. Como é seu olhar diante das transformações provocadas pela neurociência no processo de aprendizagem e como pode contribuir para a formação do professor?

Profa.Elvira: A neurociência lança luz na docência, revelando como ocorrem os processos de aprendizagem. Ela detalha, também, as particularidades de cada período de desenvolvimento do aluno e nos permite entender melhor como que ao aprender na escola. É um momento muito interessante da evolução da ciência, pois temos mais condições de encaminhar a docência para a aprendizagem de todos.

O que mais me surpreende é como o professor, de posse de alguns conhecimentos da neurociência, transforma sua prática e aumenta sua autoestima. O que a neurociência revela é que o cérebro do adulto também não é estático, é altamente plástico e se reformula de acordo com a vida da pessoa. Ora, um adulto que educa as novas gerações está sempre em ‘movimento’ interno. Todos os dias, várias horas por dia, ele está em interação muito ativa com o conhecimento e com os alunos. Então ele é sujeito da ação educativa e sua pessoa se transforma pela ação profissional que ele exerce.

O que a neurociência deixa claro é que nós, que formamos outros adultos, precisamos entendê-los como seres de cultura, de emoção e que são, assim como as crianças e jovens, pessoas em desenvolvimento. Entender o adulto professor como ser humano em transformação é o que nos permite desafiar, promover, provocar novas formulações mentais. A formação continuada perde seu caráter estático para envolver o trabalho pedagógico como ponto de partida, para então, analisá-lo à luz das teorias e da pesquisa. Não se pode fazer um pacote e impô-lo ao professor, o que precisa é que o professor seja autor, participe da proposta pedagógica, torne este processo em memórias de longa duração.

PF: A neurociência valoriza a pessoa do adulto educador ao mesmo tempo em que o alerta para a complexidade da ação humana de ensinar, por um lado, e de aprender, por outro. Em suas palestras uma de suas falas está relacionada ao número de intervenções que um professor faz em sala de aula o tempo todo com seus alunos. Como são interpretadas pelos cérebros dos professores essas intervenções?

Profa. Elvira: A primeira coisa que se pode dizer é que se torna muito cansativo para o cérebro do professor a repetição seguida e as negociações constantes para se conseguir a atenção dos alunos. Pesquisas mostram que o professor brasileiro passa muito mais tempo que os de alguns países chamando atenção, fazendo advertências ou resolvendo confusões em sala de aula. É um desgaste grande, porque, também, ele tem menos tempo de ensinar, os alunos aprendem menos, dependem de recuperações de vários tipos. No final, é um grande desgaste e a energia que se deve empregar na docência se dilui em ações que pouco tem a ver com o ensino propriamente dito.

O caminho para sair disto é introduzir a educação da atenção como componente curricular. Outros países já o fizeram. Esta é uma característica das gerações atuais, que desenvolvem padrões de atenção para o uso das novas tecnologias e que precisam desenvolver aqueles necessários para as atividades escolares.

A ação docente também é um exercício de criatividade. O professor precisa ter, digamos, seu cérebro disponível para ensinar, o que só acontece se outros fatores de disciplina não interferirem todo o tempo.


Leia a entrevista completa no Portal Futurum (aqui)