terça-feira, outubro 02, 2007
De que cor é o rio Amazonas?
— O Rio Amazonas tem várias cores. Elas mudam. Veja só, professora.
Foi com essa observação que um professor indígena me explicou a concepção de cor na sua cultura. Para muitos de nós a cor está no objeto: a maçã é vermelha, a árvore é verde, o céu é azul. Nossa percepção visual, construída com a eletricidade, não inclui as variações da incidência da luz natural sobre os objetos, a natureza, as pessoas.
Ao perguntar para uma criança indígena de seis anos de que cor eram as árvores, ela me respondeu:
— Depende.
— Depende de quê?
— Da hora do dia.
Assim me explicou ela: as árvores são verdes durante o dia, mas azul escuro à noite.
— Eu não havia reparado no rio? - perguntou outra mais velha. — Ele sempre muda de cor."
Elvira Souza Lima: De que cor é o rio Amazonas?
leia no site da Editora Moderna
terça-feira, agosto 28, 2007
Apropriação da Leitura e da Escrita
segunda-feira, agosto 13, 2007
VYGOTSKY , WALLON E O FUTURO DA PSICOLOGIA
VYGOTSKY, WALLON E O FUTURO DA PSICOLOGIA.
Interações, jan-jun, 2000, vol.V n. 009
Universidade São Marcos, São Paulo Brasil pp 49-55
texto disponível em formato pdf pela
Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal Universidad Autónoma de Estado de México (UAEM),
A função antropológica do ensinar
"Quando o professor se percebe como um indivíduo em contínua aprendizagem, ele muda a relação que tem com o saber. Mas não é só isso: ele precisa voltar a ser aluno para aprender a ensinar por outra perspectiva. Em nossos cursos de formação continuada damos ênfase ao resgate das relações estéticas das diversas formas de linguagem, que são um dos sistemas expressivos da emoção humana. Quando o professor tem a experiência de se inter-relacionar com as diversas formas de linguagem, ele muda seu jeito de ensinar. Isso serve para qualquer disciplina e em qualquer lugar, mas é ainda mais importante para o alfabetizador. Em Nova York, leciono História da Escrita. Levo os alunos ao Museu Metropolitan para que percebam a escrita como um produto cultural. Ela está aí há cerca de 5500 anos (antes disso, usavam-se desenhos). A Arqueologia nos mostra que o desenvolvimento não está ligado apenas à sobrevivência, mas é produto também da preocupação do homem em comunicar o belo. Vendo os primeiros instrumentos feitos de ossos, com desenhos e decorações que não tinham uso prático, os professores descobrem a função psicológica da imaginação para a humanidade. Ela é fundamental na aprendizagem, faz parte do aprender e da construção do conhecimento científico e estético, da vida cotidiana. Por isso, tem de ser explorada na educação."
Elvira Souza Lima
trecho de entrevista para a revista
Nova Escola
Edição Dezembro de 2000
http://novaescola.abril.uol.com.br/ed/138_dez00/html/fala_mestre.htm
A Imaginação e a Escola
O desenvolvimento da imaginação se realiza por acesso a novas informações, a imagens e a símbolos que elaboramos mentalmente. Isso é resultado de vivências e práticas culturais e da observação e registro da natureza e de fenômenos científicos. Ela depende da experiência e, portanto, se desenvolve com a idade.
A imaginação mobiliza os conhecimentos anteriores por meio do processo de evocação da memória de longa duração. Sua "matéria bruta" é o acervo de idéias, imagens, experiências, vivências emocionais e práticas culturais ali guardadas.
Dentre as funções psicológicas envolvidas no ato de aprender — memória, atenção, percepção, pensamento e imaginação —, esta última é a menos lembrada no processo educacional. Porém, cabe à escola desenvolvê-la por meio de experiências proporcionadas ao aluno. A instituição precisa trazer e desvendar o novo, promovendo aprendizagens que não ocorrem em outros contextos em que o estudante vive."
Elvira Souza Lima
Revista Nova Escola Edição Nº 166
Outubro de 2003