sexta-feira, dezembro 31, 2010

Feliz Ano Novo!

Aos leitores e aos nossos seguidores, desejo que em 2011 possamos todos continuar com tenacidade e ousadia nossas ações para que todas as crianças escrevam, imaginem, desenhem, pesquisem, experimentem, sonhem e acreditem em si mesmas!

Elvira Souza Lima




terça-feira, dezembro 28, 2010

Atenção e Distração por Elvira Souza Lima

"Fazer com que os alunos prestem atenção em sala de aula é um desafio comum a muitos professores, nos vários níveis de ensino. Entender o funcionamento da atenção, assim como identificar as razões pelas quais acontece a distração, tem sido um dos campos de estudo da neurociência. Consideramos, hoje, importante compreender a dinâmica da atenção pela contribuição que tal conhecimento traz à docência. E, também, para não se incorrer em diagnósticos equivocados de déficit de atenção e hiperatividade."

artigo publicado na


Revista Presença Pedagógica n.96
novembro / dezembro 2010

sexta-feira, outubro 15, 2010

Entrevista de Elvira Souza Lima para a jornalista Paula Caires (Outubro de 2009)

Entrevista concedida à Paula Caires (Revista Projetos Escolares Educação Infantil - Online Editora) em Outubro de 2009

Pergunta - Quais as principais diferenças do cérebro das crianças de 4, 5 e 6 anos de idade? Como funciona a memória da criança e quais seus níveis? Como desenvolvê-la e estimulá-la em seus diferentes graus com as crianças dessas idades?

Elvira Souza Lima - É importante entender que o desenvolvimento do ser humano acontece por períodos de tempo que não são divididos segundo anos cronológicos. Os períodos na infância acontecem em tempo maiores como cerca de 3 anos. Assim as crianças de 4, 5 e 6 anos pertencem a um período de desenvolvimento, no qual acontecem processos, como por exemplo, o desenvolvimento da função simbólica e a formação das figuras geométricas. A maturação do cérebro é progressiva e possibilita a ampliação de processos mentais, perícia do movimento, evolução da fala, por exemplo.

Ao longo deste processo a criança desenvolve a memória, criando acervos de experiências, imagens, sons de acordo com sua experimentação e ação nos contextos em que vive. Com o desenvolvimento da memória a criança também cria acervos para imaginar. A imaginação precisa ser desenvolvida na infância. Brincar, desenhar, cantar, dançar, ouvir histórias, representar no faz de conta são atividades essenciais para o desenvolvimento da criança neste período


Pergunta - Você diz que o desenvolvimento é função da cultura. Poderia explicar?

Elvira Souza Lima - Na verdade esta não é uma ideia recente, mas que tem sido comprovada recentemente com o avanço dos estudos e pesquisas sobre o cérebro humano. O conhecimento sobre o desenvolvimento na infância nos traz a necessidade de ver a criança como ser de cultura , pertencente à espécie humana: daí a importância de integrar os conhecimentos da Neurociência, da antropologia e das artes para que, desta integração, se retire um modelo de pensamento mais adequado para se abordar a infância.

A neurociência, principalmente, vem revelando a infância como um período de relevância para a formação humana, configurando, assim, uma nova dimensão da educação infantil. A escola para educação infantil é um espaço de formação humana das novas gerações, garantindo a continuidade da espécie e a integração das experiências culturais com as possibilidades tecnológicas da sociedade contemporânea.


Pergunta - Há diferenças nas formas de estímulos para cada idade? Se sim, quais?

Elvira Souza Lima - Sim, o que propiciamos à criança pequena deve ser adequado ao seu período de desenvolvimento. Por exemplo, desenhar é uma atividade fundamental dos 3 aos 6 anos. Ouvir músicas, cantarolar, dançar e cantar, experimentar sons, ouvir com atenção sons da natureza, por exemplo, são atividades importantes nos primeiros anos da infância. Propiciar estas experiências à criança significa, muitas vezes, criar condições para que ela faça isto, dar tempo a ela para realizar estas atividades e prosseguir nelas conforme desejar. Muitas vezes o adulto se preocupa muito em estimular a criança e não dá a ela o tempo necessário para que ela realize atividades em seu próprio tempo. O tempo de exploração dos objetos, de observação, de envolvimento com uma atividade depende do período de desenvolvimento. aprendemos muito observando a própria criança: ela nos ensina, também, como e durante quanto tempo ela se dedica a uma atividade.

Pergunta - Qual o papel das brincadeiras nesse processo? Quais brincadeiras você indicaria pela riqueza de recursos que oferece ao cérebro?

Elvira Souza Lima - Cada brincadeira mobiliza o cérebro da criança segundo os componentes de movimento, oralidade, ritmo, rima, sequência. Cada brincadeira promove o desenvolvimento de movimentos determinados do corpo, de sonorizações e linhas melódicas. Cada brincadeira apresenta, portanto, especificidades. A criança precisa realizar brincadeiras de movimento: andar, correr, saltar. Brincadeiras circulares como as brincadeiras de roda, cantadas ou declamadas. Brincadeiras que desenvolvem a percepção sonora e/ou visual. Brincadeiras que envolvem parlendas e quadrinhas. Todas as brincadeiras do folklore e as brincadeiras universais oferecem riqueza de experiências e oportunidades para a criança e atuam, também, no desenvolvimento da imaginação


Pergunta - Os contos infantis assumem essa mesma função? Se não, qual o papel também dos contos infantis?

Elvira Souza Lima - Os contos infantis tradicionais passaram de história oral para a escrita. Ou seja, uma tradição oral de séculos, por vezes, foram registradas em algumas culturas e a partir daí permaneceram como acervos para muitas gerações. Muitas histórias foram perpetuadas também pelas dramatizações, tanto com personagens como com bonecos (marionetes de muitos tipos diferentes). Mais recentemente estas histórias passaram a ser re-elaboradas em várias formas de mídia: filmes, animações, novelas e seriados, dramatizações teatrais, desenhos animado. Hoje as crianças têm várias fontes para a experiência com as histórias. Esta tradição gerou, também, a produção específica de literatura infantil e que tomou uma proporção inédita e importante nas últimas décadas.

História, contos, lendas e fábulas têm um papel importante na formação da criança e no desenvolvimento da memória e imaginação. Eles atuam na formação da estrutura da narrativa na memória, que proporciona muitos subsídios para desenvolvimento e aprendizagens posteriores, dentre as quais destacamos a apropriação da escrita e a atividade criativa da mente humana.


Pergunta - Qual a importância e o papel da música nesse processo de estímulo e desenvolvimento infantil?

Elvira Souza Lima - O papel da música é enorme, conforme constatado pelas pesquisas na àrea de neurociência. Sabemos disto, também, através da antropologia, que nos mostra o papel central que a música tem na organização dos grupos sociais. Na verdade, a história da evolução da espécie humana deixa bem claro que a música foi um dos fatores fundamentais de desenvolvimento da espécie, presente antes mesmo da fala. Para a criança, a música é fator de humanização, de congregação com os adultos e com as crianças mais velhas. Tem um papel na identidade cultural e é fator decisivo no desenvolvimento da função simbólica da criança.


Pergunta - Há diferenças de funções conforme o tipo de música trabalhada (diferentes ritmos, só cantada ou acompanhada de instrumento...)?

Elvira Souza Lima - Os diferentes ritmos, tonalidades, harmonização afetam diferentemente o cérebro. Da mesma maneira vocalizes e canto apresentam particularidades em relação à música instrumental no processamento pelo cérebro. Instrumentos e vozes apresentam um impacto no cérebro quando executadas conjuntamente que difere quando somente instrumento ou somente voz chegam ao cérebro. Porém, é importante salientar que todas as formas de música têm um impacto muito grande, como mostram as pesquisas mais recentes sobre música e cérebro. Também estas pesquisas revelam que os efeitos variam conforme a idade da pessoa. Certo é que para a criança pequena, a experiÊncia com a música cotidianamente traz impactos duradouros sobre o desenvolvimento infantil. Por isto a música deve estar presente em casa e na escola.

Pergunta - O que o processo de alfabetização deve priorizar para ser bem sucedido, independentemente da linha pedagógica seguida?

Elvira Souza Lima - Com certeza o desenvolvimento da função simbólica. A formação na memória das letras, sílabas e palavras e, fundamentalmente, as estruturas da sintaxe. A sintaxe, envolvendo o verbo de ação, principalmente, é eixo da aprendizagem da escrita e da leitura. Independemente do método, se a criança não aprender as dimensões da lingua escrita (sintaxe, semântica, léxico, fonologia e morfologia) não dominará a escrita. Qualquer método precisa atender à formação na memória dos conceitos de letra, sílaba, palavra, frase e texto.

Pergunta - Existe uma idade certa para dar início ao processo de alfabetização formal? Existe uma idade limite para que a alfabetização esteja concluída?

Elvira Souza Lima - Apropriar-se da língua escrita, sendo capaz de ler e de escrever uma língua é um processo bem longo. A escrita é muito complexa e tem vários níveis de apropriação: compreender poesia, escrever poesias, escrever um conto tem suas especificidades. Escrever um relatório científico tem outras. Um texto jurídico, outras. Assim, pode-se ir pela vida toda aperfeiçoando e expandindo a compreensão na leitura e capacidade na escrita.

Porém, toda criança com 3 anos de escolarização tem a possibilidade de ler compreendendo (ler é compreender) e de escrever textos de algumas linhas (5 a 7 no mínimo) com a sintaxe básica, com correção fonológia e ortográfica e utilizando palavras corretamente. Isto depende de ensino e prática cotidiana. Do ponto de vista do desenvolvimento, isto pode ser feito a partir do período de 6 a 8 anos.

Pergunta -Você defende a organização do currículo escolar por ciclos de aprendizagem. O que seriam e como funcionariam?

Elvira Souza Lima - Seria melhor pensar na organização curricular segundo os períodos de desenvolvimento humano, que em muitas prefeituras espalhadas por todo Brasil são denominados de ciclos de aprendizagem. A aprendizagem dos conteúdos escolares se apoia nos períodos de desenvolvimento. Não adianta querer adiantar certas aprendizagens na escola para as quais a criança depende da formação de estruturas no cérebro, estruturas estas que são formadas segundo condições próprias da espécie.


Pergunta - O que poderia ser dispensado das aulas pelo fato das crianças já trazerem consigo naturalmente?

Elvira Souza Lima - Desenhar as figuras geométricas, aprender as cores que estão em seu contexto, nomeá-las são coisas que fazem parte do desenvolvimento humano. Cantar, também. Temos várias aquisições na própria genética da espécie. A escola deve aproveitar estas características do desenvolvimento infantil para ampliar a experiência da criança em cada uma delas.

Por exemplo, trabalhar com as figuras geométricas para construir formas como com o tangran, fazer maquete de algum local como a escola ou o bairro ou ainda sobre o movimento dos astros são atividades escolares, que a criança só fará se for ensinada e orientada. Desta forma, o currículo deve partir do desenvolvimento humano , sempre com a preocupação de desenvolver a imaginação

Pergunta - Até que ponto a televisão e a internet ajudam ou atrapalham no processo de desenvolvimento da criança? Por favor, explique.

Elvira Souza Lima - Televisão e computador não podem extrapolar um tempo diário de uma a duas horas na vida da criança pequena. Em muito países a recomendação é de uma hora diária a partir dos 3 anos e alguns recomendam que a criança de até 2 anos não seja exposta a nenhum dos dois. Isto decorre de pesquisas sobre o desenvolvimento biológico e cultural da primeira infância, incluindo-se aí as pesquisas sobre o processo de maturação e desenvolvimento do cérebro infantil

Pergunta - O défict de atenção e a hiperatividade podem ter relação com a influência desses meios na vida das crianças ou esses trantornos da aprendizagem estão relacionados à condição genética da pessoa? Por favor, explique.

Elvira Souza Lima - Há um equívoco muito grande atualmente em considerar comportamentos normais das crianças como déficit de atenção e hiperatividade. Como consequência temos muitas crianças sendo medicadas erroneamente, com prejuízos imediatos sobre seu processo de desenvolvimento. Os comportamentos identificados como de hiperatividade e déficit de atenção são decorrentes, muitas vezes, dos contextos em que a criança vive, que oferecem poucas oportunidades para que a criança exerça o que é próprio da infância, sendo o brincar um dos mais importantes.


segunda-feira, julho 26, 2010

Permitir que a criança viva a sua infância por Elvira Souza Lima

Podemos iniciar nossa conversa dizendo que toda criança tem direito a viver sua infância. Nesse período, a criança realiza inúmeras aprendizagens que servirão para toda a vida. Muitas delas se efetivam por meio de práticas culturais, que, por sua vez, desempenham papel central, e cabe não apenas à família, mas a vários setores da sociedade, garantir sua presença na vida das crianças.

Em seus primeiros anos de vida, a criança obtém duas conquistas importantes: andar e falar. O período que se segue a isso será marcado pelo desenvolvimento da função simbólica (falar, desenhar, imaginar...). As atividades que predominam nesse período são as que envolvem movimento e criação de significados, fazendo com que a criança se desenvolva como um ser de cultura.

E que atividades são essas? Desenhar, brincar de faz-de-conta, realizar brincadeiras infantis que envolvam personagens e ações imitativas, cantar, dançar, ouvir histórias, poesias e narrativas da cultura local. É muito importante para a criança a vivência das práticas culturais de sua comunidade e região, pois a elas estão ligadas a percepção de si mesma como parte de um grupo e a formação de sua identidade. A experiência com imagens e com sons é uma parte importante na educação da criança pequena, por isso toda criança precisa desenhar, cantar, ouvir música e brincar.

Em seu processo de desenvolvimento, a criança pequena desenha muito. Toda criança vai desenhar indo ou não à escola, ou seja, desenhar faz parte de ser criança. É muito importante que os adultos respeitem essa atividade, porque enquanto a criança está desenhando ela está aprendendo muitas coisas. Para nós, adultos, pode parecer que desenho não é uma coisa séria como aprender a escrever, mas é. O domínio da forma desenhada também é uma das bases do desenvolvimento da escrita.

Todo desenho tem uma ação: para a criança tem sempre uma história no desenho que ela faz. O desenho é uma narrativa: mesmo que para o adulto ele pareça uma representação estática, para a criança ele é ativo, dinâmico, tridimensional. Mesmo que a criança não fale nada enquanto estiver desenhando, ela está "pensando" no que desenha. Então, ao desenhar, a criança trabalha com sua imaginação, cria novas imagens, desenvolve sua memória, organiza sua experiência para compreendê-la. O ato de desenhar não é, simplesmente, uma atividade lúdica, ele é, também, ação de conhecimento. O desenho é, pois, parte constitutiva do processo de desenvolvimento da criança.

A música promove a comunicação entre as pessoas, provoca envolvimento emocional entre elas. Cantar, tocar um instrumento, ouvir música são atividades que fazem bem ao ser humano em qualquer idade. Na infância a música é mais importante ainda, pois contribui para o desenvolvimento da criança. As cantigas infantis possibilitam o desenvolvimento da memória auditiva, do ritmo e da melodia, com realizações que estarão envolvidas na apropriação da leitura e da escrita. (leia mais)


leia o texto completo no Portal SESC -SP aqui






Desenvolvimento infantil e imaginação por Elvira Souza Lima

A criança desenvolve-se por um processo que abrange o seu corpo, a genética da espécie humana e os contextos nos quais ela viverá. Esse processo inicia-se com a família, com a cultura de seu país, com os espaços que irá freqüentar desde seu nascimento. Por isso, dizemos que a natureza do desenvolvimento humano é sempre biológica e cultural.

O desenvolvimento biológico tem duas dimensões: a externa e a interna. Assim, a espécie humana tem determinadas características em seu desenvolvimento físico que incluem não só o que percebemos no exterior — por exemplo, a fala, o aumento do peso, a estatura, a mudança das feições, das características sexuais e da voz —, mas, também, o que é interno e não podemos observar diretamente, como é o caso do cérebro.

O cérebro coordena a vida da pessoa. Ele recebe e processa as informações colhidas do meio ambiente pelos sentidos. É nele que estão contidas a nossa memória, as nossas experiências e aprendizagens. É também o órgão que controla várias funções físicas, além de ter como componente o sistema límbico, no qual se originam as emoções.

Nos últimos anos, aprendemos muito sobre o desenvolvimento do cérebro da criança desde a gestação até os seis anos de vida. Esses conhecimentos nos levam a considerar que o cuidado e a educação são aspectos de um processo global na formação da criança pequena, no qual a cultura tem um papel fundamental. Esse período de desenvolvimento é muito importante porque é quando o cérebro possui o que chamamos de grande plasticidade. Plasticidade é uma facilidade maior de estabelecer conexões entre as células nervosas em comparação com a idade adulta.



quinta-feira, julho 22, 2010

Cérebro humano e educação hoje: entrevista com Elvira Souza Lima




Revista Presença Pedagógica nº 94
(edição julho/agosto de 2010)

ENTREVISTA

Cérebro humano e educação hoje
Elvira Souza Lima


Apresentação:

Leitores de telas
por Rosangela Guerra

Por volta das 19 horas, eles chegam à faculdade, muitos com o fone do Ipod no ouvido. Entram no laboratório de informática para a aula que se estende até as 22h35min, com um breve intervalo de 20 minutos entre o primeiro e o segundo tempo.

Nem sempre o frescor da juventude consegue apagar as marcas das urgências do dia em que quase tudo “é para ontem”. Muitos trabalham como operadores de telemarketing. Eles contam que, para executar o serviço, abrem em média cerca de cinco telas de computador para atender a cada cliente, que não raro têm reclamações de sobra para fazer. “Pois não, senhora!”, dizem automaticamente, já sabendo que as ligações são gravadas.

O fato de cursarem a faculdade é motivo de orgulho. Afinal, são os primeiros de suas famílias a chegarem ao Ensino Superior. Navegantes do espaço virtual, frequentam diversas comunidades, publicam suas opiniões em blogs e exercem a síntese nos 140 caracteres do Twitter. Fazem tudo isso ao mesmo tempo e, muitas vezes, durante as aulas.

Essa atenção dispersa entre aqui e ali é considerada uma habilidade natural da juventude de hoje. Mas será que os neurônios aguentam esse jeito de viver? A educadora e pesquisadora em neurociência Elvira Souza Lima, entrevistada nesta edição, responde que, muito provavelmente, esta não é a forma necessária para a aprendizagem dos conhecimentos escolares.

Uma conversa com Elvira sobre neurociência e educação pode ir longe, para proveito dos professores. Por esse motivo, convidamos a pesquisadora para escrever uma série de artigos sobre o tema, que passará a ser publicada em Presença Pedagógica.


segunda-feira, julho 12, 2010

Ler se Aprende com Cultura - Cantigas






Cantigas - DVD da série LER SE APRENDE COM CULTURA
por Elvira Souza Lima



Os estudos recentes da neurociência revelam que ler é uma atividade complexa que envolve inúmeras áreas do cérebro. Revelam, também, que ler é uma prática de cultura: precisa ser ensinada e depende de constância e continuidade para ser dominada.

Vários componentes do ato de ler são desenvolvidos a partir de componentes culturais. Rima, ritmo, melodia participam no desenvolvimento da percepção, memória, atenção da criança. Assim, as práticas culturais da infância contribuem ativamente na formação da criança leitora.


A série LER SE APRENDE COM CULTURA se destina a apoiar os adultos que, de uma forma ou outra, se ocupam da formação da infância e da juventude. Ela apresenta possibilidades de trabalho envolvendo a cultura que, em seu conjunto, mobilizam as várias áreas do cérebro envolvidas no ato de ler.


O primeiro módulo da série se destina ao ensino da leitura às crianças dos 4/5 aos 8 anos. É composto de 5 dvds, um dvd com músicas, um dvd com histórias e publicações para as crianças.



Editora Inter Alia

Caixa Postal 27038,
CEP 04007-970, São Paulo-SP, Brasil,

tel / fax: (11) 50836043
livros@editorainteralia.com

sábado, junho 19, 2010

Textos de Elvira Souza Lima no site Pueri Domus



Aprendizagens escolares e atividades de estudo 1
Elvira Souza Lima
Os conceitos e exemplos mostrados certamente contribuirão para a organização do trabalho do professor em sala de aula

Aprendizagem na escola e atividades de estudo 2
Elvira Souza Lima
Artigo sobre atividades de estudo e sua importância para o desenvolvimento e a autonomia de crianças e jovens.

MAPA NA MEMÓRIA, MEMÓRIA NOS MAPAS
Elvira Souza Lima
O procedimento de desenhar mapas continua válido nos dias de hoje? Como ficam as longas tarefas propostas pela escola?

Imaginação
Elvira Souza Lima
O texto discute o poder da imaginação do ser humano e sua importância para o processo de aprendizagem: como ela age na origem da formulação do conhecimento, no conhecimento que será apropriado pelo aluno e no conhecimento futuro.

leia aqui


link: PUERI DOMUS Escolas Associadas

Ciclos de Formação de Elvira Souza Lima- Resenha de Zwinglio Rodrigues


Este livro de Elvira Souza Lima, da Coleção Fundamentos para a Educação, trata dos Ciclos de Aprendizagem, uma proposta pedagógica. Ele contém 32 páginas, é bem escrito e de fácil leitura. Contudo, este livrete não é simplista e nem superficial quanto ao seu conteúdo.

Após uma apresentação breve onde a autora enfoca, entre outros pontos, a questão da reorganização do tempo escolar como uma meta dos Ciclos de Formação sem a qual não se conseguirá alcançar consideráveis e necessárias “modificações educativas que buscam melhorias na aprendizagem dos alunos” (p. 4), repensar o modelo herdado da Europa onde a inflexibilidade do tempo que faz com que as aulas e os conteúdos se adaptem a ele, o tempo, e não às necessidades dos discentes, é necessário para auxiliar uma guinada qualitativa e quantitativa na educação brasileira que urge em todo território nacional, mais notadamente no norte-nordeste do país.

leia mais aqui

link: DOKIMOS

Ciclos de Formação de Elvira Souza Lima (Editora Inter Alia) aqui


Teachers As Learners


Elvira Souza Lima - Teachers As Learners The Dialectics of Improving Pedagogical Practice in Brazil

in

Educational Qualitative Research in Latin America:
The Struggle for a New Paradigm
(Studies in Education and Culture)
by Gary L. Anderson and Martha Montero, editors.

Garland Publishing 1997

Le développement culturel des enfants par l'expérience esthétique


Elvira Souza Lima - Le développement culturel
des enfants par l'expérience esthétique


publicado em:

Langages et cultures des enfants de la rue
sous la direction de Stéphane Tessier
Editeur : Karthala (1995)
Collection : Questions d'Enfance



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sexta-feira, junho 18, 2010

Elvira Souza Lima no site Educar Para Crescer


A memória e a aprendizagem - Educar para Crescer

Como a memória funciona?

"Somos aquilo que recordamos", conceitua Iván Izquierdo, professor de Neuroquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele dá um exemplo: nenhum texto é compreendido se não se lembra o significado das palavras e a estrutura do idioma utilizado. Tudo isso precisa estar registrado no cérebro para ser resgatado no momento oportuno. A memória, enfatiza Elvira Lima, é a reprodução mental das experiências captadas pelo corpo por meio dos movimentos e dos sentidos. Essas representações são evocadas na hora de executar atividades, tomar decisões e resolver problemas, na escola e na vida."

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A importância da boa alimentação - Educar para Crescer

texto de Paula Desgualdo

Reconhecer cores, contar uma história com começo, meio e fim, compreender o que os outros falam, deduzir ordens de grandeza - tudo isso faz parte do desenvolvimento nervoso de uma criança. E o sucesso dessas tarefas, que equivocadamente parecem tão simples aos olhos de um adulto, tem tudo a ver com aquilo que os pequenos comem. "Sem uma alimentação adequada, capaz de garantir o aporte de nutrientes como ferro, o foco e a concentração ficam comprometidos. Daí é mais difícil armazenar novas memórias", explica a pesquisadora em desenvolvimento humano Elvira Souza Lima, consultora internacional em neurociência e educação de várias instituições de renome.

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Lembre-se: sem memória não há aprendizagem


por: Paola Gentile (reportagem) e Cynthia Costa (edição web)

Durante séculos, na escola, memorizar foi sinônimo de decorar nomes, datas e fórmulas que seriam exigidos nas provas, nas chamadas e nos testes. Com base nos estudos sobre o processo de aprendizagem da criança, porém, concluiu-se que a decoreba era inimiga da educação. E a memória - confundida com repetição - foi posta de castigo.

Um grande erro. A memória é a base de todo o saber - e, por que não dizer, de toda a existência humana, desde o nascimento. Como tal, deve ser trabalhada e estimulada. "É ela que dá significado ao cotidiano e nos permite acumular experiências para utilizar durante toda a vida", afirma a psicóloga e antropóloga Elvira Souza Lima, especialista em desenvolvimento humano.

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quinta-feira, junho 17, 2010

Entrevista de Elvira Souza Lima para o jornalista Paulo de Camargo - Revista Claudia, Junho 2010

Paulo de Camargo - Qual é, a seu ver, o interesse em preservar um currículo mais rico, onde caibam a música, as artes plásticas, o teatro? Trata-se de uma questão de formar mais globalmente, ter indivíduos mais equilibrados, ou um trabalho pedagógico rico nesse campo também colabora para o desenvolvimento cognitivo?


Elvira Souza Lima - As artes em seu conjunto têm a mesma complexidade que as ciências quando consideramos a vida mental. A neurociência avançou muito na última década revelando um papel insuspeitado que as artes têm no que chamamos de “desenvolvimento cognitivo” .Artes, ciências (todas elas, as duras e as humanas) e os sistemas simbólicos (como a escrita, a linguagem matemática, a musical, a linguagem da física, só para citar algumas) são conhecimentos sistematizados.

Aprendizagens realizadas nas práticas artísticas formam redes neuronais no cérebro que podem ser mobilizadas para aprender as áreas do conhecimento formal. Além disso, a prática de arte forma comportamentos necessários para a aprendizagem dos conhecimentos escolares, como comportamentos de atenção.

Paulo de Camargo - O que há de estudos científicos que comprovam o papel da música no desenvolvimento do cérebro?

Elvira Souza Lima - Há uma produção enorme, tanto nos Estados Unidos, como na Europa. Há evidências de que a música modifica fisicamente o cérebro. Vários neurocientistas, como Oliver Sacks, afirmam que o cérebro de um músico se distingue dos cérebros de pessoas de outras profissões. Como ele diz, se olharmos os cérebros de pessoas de profissões diferentes (por exemplo, de um engenheiro, de um motorista, de um administrador de empresas e de um músico), reconheceríamos o do músico. Uma das partes do cérebro, a responsável pelas trocas entre hemisfério esquerdo e hemisfério direito do cérebro – chamada corpo caloso – é uma das comprovadamente modificadas pela prática de instrumentos musicais.

Paulo de Camargo - A senhora me disse que o cérebro é interdisciplinar. Pode explicar com mais detalhes?

Elvira Souza Lima - Os estudos recentes da neurociência têm revelado como que uma aprendizagem de um conceito de uma área de conhecimento se transforma em instrumento mental para aprender , refletir e solucionar questões de outras áreas de conhecimento. Igualmente, como que práticas de movimento como a capoeira formam redes neuronais que concorrem para desenvolvimento do pensamento espacial, importantes para a aprendizagem da física, da geografia e matemática. O cérebro funciona como um órgão integrado em que, mesmos as áreas especializadas, contribuem conjuntamente para responder a uma demanda interna, como resolver um problema matemático, escrever um texto, compreender um relato científico. Quem aprende a ler música, desenvolve redes neuronais funcionais para a sintaxe. A sintaxe está presente tanta na escrita como na matemática.


Paulo de Camargo - Parece-lhe que, de alguma forma, os jovens de hoje tem de fato um repertório cultural mais restrito, em função da perda de espaço das artes e da música no currículo, especialmente no Ensino Fundamental II e no Médio?

Elvira Souza Lima - Uma função básica para o desenvolvimento do jovem é o desenvolvimento da imaginação. A imaginação depende dos acervos guardados na memória. Pesquisas revelam claramente como a ausência de experiências estéticas não só compromete a formação deste repertório, como, dialeticamente, esta ausência pode levar à mediocridade ou à limitação de estratégias de tomada de decisão. O jovem encontra-se frente ao mundo de trabalho como que desconectado das questões envolvidas nas relações humanas, na capacidade de liderança e na gestão de pessoas, quando em funções de direção e gerência.

É interessante observar que certas iniciativas nos Estados Unidos por parte de neurocientistas aconteceram exatamente em contraposição a uma política educacional que, quando precisa cortar gastos, começa pelo corte às artes.

Paulo de Camargo - A senhora recomenda que os pais prestem mais atenção a esse tema e busquem formações complementares, seja na própria escola, seja nos cursos livres mais qualificados?

Elvira Souza Lima - Sim, é importante que os pais entendam melhor os processos de desenvolvimento dos filhos para ajudar nas tomadas de decisão que fazem na vida das crianças e adolescentes. Ainda consideramos as artes como complementares, às vezes como algo até superficial. No entanto, sabemos hoje que elas são fundamentais na formação da criança e do jovem, com um impacto considerável. Elas podem promover o diferencial na carreira dos filhos futuramente, uma vez que o impacto no desenvolvimento das funções mentais é duradouro, ou seja, permanece para a vida toda. Em outros países, saber tocar um instrumento, ter feito teatro, por exemplo faz parte do currículo para aprovação na seleção de entrada para a universidade.

domingo, maio 30, 2010

Memória e Atenção

Elvira Souza Lima


ATENÇÃO (1)


Vamos discutir a atenção a partir de três perguntas:


1. Como acontece a atenção?



A atenção acontece, em parte, pela capacidade que o ser humano tem de regular a sua percepção, eliminando alguns estímulos para se concentrar em outros. Ou seja, a atenção é consequência de um processo de escolha, voluntária ou involuntária, entre diferentes possibilidades da percepção. A percepção é realizada por um ou mais órgãos dos sentidos.



Segundo as pesquisas da neurociência, a atenção acontece pela formação de redes neuronais responsáveis pelos estados de alerta, de foco e concentração e, finalmente, de atenção executiva. Esta última é condição para as aprendizagens escolares.



Atenção é um processo que se constitui pela integração de fatores biológicos e culturais. A atenção é modulada, também, pelas emoções.



2. Qual é o papel da atenção na aprendizagem?



Sem atenção não há formação de memórias e sem formação de memórias não há aprendizagem dos conhecimentos escolares. No cérebro, há três níveis de formação do comportamento de atenção (Izquierdo, 2002; Gazzaniga, 1998; Larry, 2003):



a) O estado de alerta;

b) O foco e a concentração;

c) A atenção executiva.



O estado de alerta é condição inicial para a concentração em um tema de estudo. O planejamento do professor e a adequação da tarefa ao período de desenvolvimento do aluno são fatores que influenciam o estado de alerta. Além desse primeiro momento, a atividade proposta deve levar, pela motivação, ao engajamento do aluno com o conhecimento. O professor depende da manutenção da atenção do aluno para que a aprendizagem aconteça. Com a manutenção da atenção, chega-se ao foco e, daí, à concentração. Deste nível, o aluno pode se engajar nos processos da atenção executiva em que relações são feitas (em nível neuronal), o que levaria à formação de memórias.



3. Existem maneiras de estimular a atenção?



Comportamentos de atenção se formam desde a educação infantil e, para tanto, precisam fazer parte do currículo. Prestar atenção, focar, manter-se atento, utilizar estratégias que facilitam a atenção são comportamentos que podem (e devem) ser ensinados e praticados com as crianças desde cedo.



A cultura é muito importante na infância para a formação de comportamentos de atenção, uma vez que as práticas culturais da infância exigem, exercitam e qualificam os estados de atenção. As brincadeiras infantis, a música, o desenho e a dramatização são situações próprias do desenvolvimento infantil que têm como característica central a mobilização e a permanência de estados de alerta e de foco da atenção.



As artes, mais antigas que as práticas pedagógicas escolares, têm em sua própria essência a condição de formar estados de atenção, pois sem eles não se toca instrumento, não se dança, não se desenha, não se compõe música.



Dessa forma, a atenção necessária para que os alunos aprendam resulta de uma proposta curricular que tenha como objetivo trabalhar não somente os conhecimentos formais, mas também as formas de atividade humana que permitem ao ser humano aprender tais conhecimentos.


(1) em Atenção e Desatenção, da autora.


terça-feira, maio 18, 2010

Ensino da letra cursiva

Folha Online: Ensino da letra cursiva para crianças em alfabetização divide a opinião de educadores

Terça-feira, 18 de maio de 2010

HÉLIO SCHWARTSMAN

articulista da Folha



"Deve-se ou não exigir que as crianças escrevam com letra cursiva? A questão, que divide educadores e semeia insegurança entre pais, está --ao lado da pergunta sobre o ensino da tabuada-- entre as mais ouvidas pela consultora em educação e pesquisadora em neurociência Elvira Souza Lima. A resposta, porém, não é trivial. [...]Para Elvira Souza Lima, que prefere não tomar partido na controvérsia, "os processos de desenvolvimento na infância criam a possibilidade da escrita cursiva". A pesquisadora explica que crianças desenhando formas geométricas, curvas e ângulos são um sério candidato a universal humano. Recrutar essa predisposição inata para ensinar a cursiva não constitui, na maioria dos casos, um problema. Trata-se antes de uma opção pedagógica e cultural.

Souza Lima, entretanto, lança dois alertas. O tempo dedicado a tarefas complementares como a cópia de textos e exercícios de caligrafia não deve exceder 15% da carga horária. No Brasil, frequentemente, elas ocupam bem mais do que isso.

Ainda mais importante, não se deve antecipar o processo de ensino da escrita. Se se exigir da criança que comece a escrever antes de ela ter a maturidade cognitiva e motora necessárias (que costumam surgir em torno dos sete anos) o resultado tende a ser frustração, o que pode comprometer o sucesso escolar no futuro."

leia o artigo completo aqui